AFLUÊNCIAS de LUZ
O conhecimento plural representado
Seis fotógrafos “libertos” no “espaço vazio” documentaram momentos em fim de semana, de dia e de noite. DE olho atento (e mente arguta) prolongado pela máquina fotográfica, captaram imagens inesperadas do espaço, talvez nunca vistas pelos utilizadores que entram muitas vezes apressados, na procura imediata/automática do lugar preferido ou conveniente.
No começo do ano, esta exposição esteve patente no Preguiçódromo, num espaço temporal muito curto, prevista entre Março e Junho, mas prematuramente interrompida devido à pandemia.
A exposição estava integrada na 9ª edição do Mês da Fotografia ImaginArte Almada.
Um vídeo curto apresentado na CULTURA_ONLINE@BIBLIOTECAFCTNOVA de setembro, vem agora celebrar o evento.
As comemorações do 20.º Aniversário do Projeto ImaginArte Almada, 10.º Aniversário do Mês da Fotografia ImaginArte Almada e o 5.º ano do projeto a trabalhar com a Biblioteca da FCT NOVA, poderão ocorrer em 2021, caso as condições estejam reunidas.
O Imaginarte Almada preserva a autonomia conceptual, assegurando a realização de eventos em diversos espaços, sendo apoiado pela F4 - Associação de Imagem e Cultura (Associação sem fins lucrativos) que completa também este ano o seu 20.º Aniversário. Devido à pandemia, as atividades expositivas da ImaginArte foram interrompidas desde 10 de março passado, esperando retomá-las logo que a situação o permita.
LUZ E SOMBRA ENTRE LIVROS
Uma Biblioteca. Um espaço.
Inaugurada em 2006... um tempo curto, mas uma vida já longa, com muita coisa para contar... Livros, literacia, conferências, exposições, música, cinema, teatro... tanta coisa!
Um espaço que olha o Campus e a Comunidade.
Um espaço que se assume diferente... denominando-se “para lá dos livros”.
Um espaço que se impõe pela estética e modernidade.
Um espaço convidativo e generoso.
Um espaço efervescente de ideias, que se renova no dia a dia e se oferece aos utentes, num “abraço” acolhedor, agradável, convidativo a estar, a conviver, a estudar e a desenvolver competências.
Um espaço que capta a luz do dia, o lusco-fusco do entardecer... as sombras da noite.
Na solidão do período temporal escolhido, os “visitantes” olharam de um modo diferente, minucioso e quase clínico para os detalhes do espaço.
As imagens são surpreendentes, intrigantes, e muitas misteriosas...
Queremos saber o que são? Onde estão?
Já lá estavam? Como não as tínhamos visto ainda?
Como que entrando profundamente num “corpo orgânico”, que se expressa e revela aos olhares externos... os “visitantes” penetraram no espaço, de modo a a conhecer, captar e documentar o ainda desconhecido.
José Moura
O DIA E A NOITE NA BIBLIOTECA
Nos amplos espaços que abarcam as múltiplas facetas da Biblioteca, entrecruzam-se centelhas e reflexos multiplicadores de luz, em jogos de brumas e de brilhos circadianos.
Em permanência, para lá do dia e da noite, outras luzes, as do saber, são conjuntamente sentidas, captadas e representadas nesta exposição, através das diferenciadas perceções de cada autor.
A capacidade de imaginar e perspetivar mundos paralelos a partir da observação comum de um lugar adquire uma forma plural e interpretativa após a sua materialização pelas técnicas da imagem.
Em duas expedições fotográficas, de apelo sensorial distinto pelos diferentes momentos em que decorrem - dia e a noite – as apreensões dos espaços da Biblioteca por parte do grupo refletem uma apreciável multiplicidade de formulações.
O dia
Como uma mostra extensível da Biblioteca, junto à entrada, uma altiva e radiosa coluna formada por uma desconcertada conciliação de lascas de vidro, reúne, num só elemento, a rudeza e a brandura expressas em virtuais movimentos em forma de espiral.
No interior o conhecimento traduz-se em livros, muitos… irrestritos. A contrastar com a ala técnica e científica e suas contíguas áreas de estudo, num ponto mais lúdico, permite-se seguir distintas ficções, onde, por exemplo, à vista de Astérix, um Lobo Antunes tem como vizinho de cima Jorge Amado, ambos de lombadas baças e calejadas pelo uso, já incapazes de refletir o brilho dos zénites de sol que inundam o espaço.
Um resguardado e provido auditório é cinematógrafo e anfitrião de palestras e debates, reunindo, firmando e difundindo antigos e novos conhecimentos.
Mesclado com o seu equipamento e espólio literário, distribuído por todos os espaços, o Centro de Arte Contemporânea da Biblioteca faz jus ao seu título através das diversas exposições que acolhe, deixando indeléveis marcas enquanto legado cultural e elemento estruturador da racionalidade científica.
A noite
Fazendo fundo ao silêncio, a suave zoada da climatização, tão constante como a calma da noite, é harmonicamente decorada pelos impetuosos ecos dos disparos fotográficos, reveladores das afinidades conquistadas ao espaço e ao tempo, na captação de cada instante. Outras apreensões ocorrem, pela escrita e pela filmagem, sem ditos, interpretando silêncios e idiomas igualmente coniventes.
As sombras, menos marcadas e desvanecidas, são tão artificiais e multiplicadas, quantos os focos que as geram e projetam.
Até Lisboa, que parece espreitar por entre os nortenhos outeiros do Monte da Caparica, quase desaparece, deixando-se adivinhar no breu apenas pela sua artificial constelação.
Mesmo desguarnecida de gente, na noite da Biblioteca, o saber sente-se no ar, disperso… só não há quem o torne um reflexo. A essa hora, sem o ruído das páginas folheadas, dos dispersos cliques digitais, de um suspiro ansioso, ou de um sussurro numa demanda de clarividência, cabe à expedição reunir pelo registo de imagens, outras formas de ver o mundo, enquanto este dorme.
João Monteiro
Ficha Técnica
Coletiva de Fotógrafos (Carlos Marques da Silva, Conceição Arsénio,
José L. Guimarães, Maria José Rafael, Patrícia C. Teixeira e Sónia Cabrita
Vídeo – Gregório Cabrita
Textos – José Moura e João Monteiro
Curadoria – José L. Guimarães e José Moura Design – Nádia Leitão
Adiamento da sessão de inauguração devido ao plano de contingência do COVID 19.
Coletiva - Fotógrafos
De 11 março a 29 maio
Preguiçódromo | Biblioteca FCT NOVA
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