Macroalgas - uma fonte alimentar relevante. Estratégias para a sua introdução na dieta portuguesa.
Num mundo em que os alimentos estão
se tornando escassos devido à elevada procura e à população, e nos quais há uma
crescente preocupação com a produção sustentável de alimentos e a saúde,
nutrição e inovação são cada vez mais valorizadas, as algas podem ser
uma solução viável para superar alguns dos desafios. A introdução de algas na
alimentação é considerada de grande importância em termos económicos,
nutricionais, de saúde e ambientais.
O consumo de algas marinhas
na alimentação dos portugueses tem pouca expressão, ao contrário do que
acontece há séculos em muitas outras culturas. No entanto, temos uma extensa
costa (1860 km) com uma impressionante variedade de algas (cerca de
400), e uma produção de aquacultura considerada entre as melhores do mundo.
As algas têm enormes potencialidades no contexto da sustentabilidade,
das restrições alimentares várias, e até mesmo para diversificação de fontes de
alimentos e experiências gastronómicas. O interesse pela sua introdução na
alimentação tem sido crescente no mundo ocidental, pois têm-lhes sido
associados benefícios nutricionais relevantes (são ricas em proteínas e fibras
dietéticas, vitaminas, oligoelementos, minerais e ácidos gordos poliinsaturados
tipo ω-3 e ω-6) associados à saúde e bem-estar. São, por isso, consideradas
como alternativas alimentares importantes e sustentáveis. Pensamos que num País
onde os produtos do mar fazem desde sempre parte da cultura e da gastronomia,
seria relevante estudar as características das suas algas e as
potencialidades gastronómicas das mesmas.
O Projeto ALGA4FOOD (https://alga4food.wixsite.com/page) visa
aumentar a diversidade e qualidade das algas da costa portuguesa
disponíveis para consumo humano. Isso envolve o desenvolvimento de novas
técnicas de conservação que permitem maximizar as características
organolépticas e nutricionais do produto acabado, bem como possibilitar formas
mais convenientes de uso pelos consumidores finais. Adicionalmente, pretende-se
desenvolver novas estratégias e produtos que possam contribuir para a mudança
dos hábitos alimentares portugueses. A avaliação da adequação das novas
técnicas de conservação e dos produtos obtidos será feita por meio da
determinação quantitativa de parâmetros como cor, textura, conteúdo umami e
libertação de voláteis, estes serão posteriormente correlacionados com dados de
análise sensorial. O Alga4Food pode constituir um contributo
significativo para uma promoção eficaz da introdução de algas na
alimentação portuguesa.
miniCV:
João Paulo Noronha é licenciado em
Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Porto. Desde 1990, é docente da
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL).
Desde o Doutoramento em Química Orgânica pela FCT/UNL em 2001 até ao presente é
Professor Auxiliar na FCT-UNL. É investigador REQUIMTE-LAQV. (H‐index 28;
>2268 citations; ORCID 0000-0002-1515-4518).
Desenvolveu a sua carreira, focado na área da Química Analítica/Orgânica, com
participação em 15 projectos de investigação científica. Supervisionou ou
supervisiona um total de 8 alunos de doutoramento, 4 alunos de
pós-doutoramento, 18 Mestrandos e 23 estudantes de licenciatura. Lidera uma
equipa constituída por 2 investigadores seniores e 2 estudantes de
doutoramento. Possui cerca de 90 publicações em revistas internacionais
indexadas.
Este webinário inicia as celebrações do Ano Internacional das Frutas e Vegetais 2021.
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