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Semana Internacional do Acesso Aberto 2023

Dia 27 de outubro de 2023 | Repositório da Universidade NOVA (RUN)

Implementado em 2010, o Repositório da Universidade NOVA de Lisboa (RUN) é uma infraestrutura criada e mantida pela UNL para recolher, armazenar, gerir, preservar e permitir o acesso à produção intelectual da NOVA, ou seja, é uma solução comunitária não baseada em interesses comerciais que além de dar visibilidade imediata ao que é produzido na NOVA, também preserva para as gerações futuras a memória do trabalho científico e técnico da Universidade.

As obras disponibilizadas através do RUN estão abrangidas pela Licença Creative Commons e protegidas por leis de copyright, com todos os direitos reservados.

O depósito da dissertação no RUN tem as seguintes vantagens:

1) Obter um identificador único e persistente (handle) e um link que pode associar à referência bibliográfica dos documentos, direcionando futuros leitores para o seu trabalho;

2) Tornar os documentos pesquisável na WEB, e mais facilmente encontrados por motores de busca, como por exemplo, o Google Scholar;

3) Aumentar a visibilidade e o impacto da investigação realizada na NOVA, potenciando a sua divulgação e citação por outros investigadores;

4) Obter estatísticas de utilização do documentos depositados e conhecer pessoas com interesses comuns que utilizaram ou manifestam interesse em conhecer os autores;

5) Salvaguardar a autoria dos trabalhos a partir do momento em que os dados são públicos.

6) O RUN tem associado um serviço de preservação digital.

O RUN está integrado na B-ON, no RCAAP e no OpenAIRE, o que faz com que os documentos lá depositados sejam indexados por dezenas de mecanismos de busca, principalmente o Google Scholar.


Dia 26 de outubro de 2023 | Acesso Aberto Diamante: A publicação científica na mão dos investigadores.



A Recomendação da UNESCO para a Ciência Aberta, publicada em 2022, faz um apelo para que os resultados de atividades científicas que receberam financiamento público não sejam explorados economicamente e recomenda para que se dê prioridade ao que é comunitário em detrimento das opções que seguem modelos de negócio muitas vezes altamente especulativos. 

 

Uma das sugestões apresentadas na Recomendação é que, no momento da publicação de artigos, sejam escolhidos modelos de publicação não comerciais e colaborativos sem taxas de publicação.

A resposta mais viável para esta sugestão é o Acesso Aberto Diamante, ou seja, a modalidade de publicação em que não se paga para ler, nem para publicar.

Originalmente foram estabelecidas duas “vias” para o acesso livre às publicações científicas: a Verde, que prevê o arquivo das publicações finais ou versões preprint em Repositórios institucionais (como o RUN), temáticos ou generalistas, e a Dourada, que se realiza pela publicação em Revistas de Acesso Aberto, ou seja, revistas científicas em que não se paga para aceder ao conteúdo.

No entanto, naquela altura, não se previa que a Via Dourado daria origem a outro problema: as APCs.

As taxas de publicação, ou taxas de processamento de artigos (APCs), foram instrumentos criados pelos editores científicos para manter um modelo de negócios que explora o conhecimento científico financiado, na maioria das vezes, com dinheiro público.

Assim, a via dourada deixou de ser o modelo ideal para o Acesso Aberto, embora seja hoje, juntamente com o modelo híbrido, o modelo mais adotado pelas revistas científicas. Tanto um modelo, quanto outro, funcionam de modo que o conhecimento gerado por investigação financiada com dinheiro público seja entregue gratuitamente aos editores científicos, que depois lucram com a venda dos artigos ou com a cobrança de APCs.

Para contornar esta situação emergiu o modelo de Acesso Aberto chamado de Diamante. Neste modelo, não há lugar o pagamento de taxas de publicação e todo o conteúdo publicado está em acesso aberto. 

Está a decorrer, em nível europeu e com financiamento da Comissão Europeia, um plano de ação para aumentar substancialmente a capacidade das revistas de modelo Diamante na prestação de serviços de publicação inovadores, válidos, fiáveis e acessíveis. Esse plano resultou de um estudo que identificou cerca de 20 mil revistas em acesso aberto diamante, o que corresponde a 45% das publicações em acesso aberto. Pode consultar aqui a lista de Revistas de Acesso Aberto Diamante resultante deste estudo.



Ao verem o seu lucro ameaçado pelo Acesso Aberto, especialmente por se tratar de um mercado bastante lucrativo, as editoras científicas passaram a recorrer à cobrança de taxas de publicação, as conhecidas APCs, sob o pretexto de estarem a ser passados para os autores os custos de processamento da publicação.


A ampla adoção de APCs, pelas editoras científicas, fez com que o Acesso Aberto Dourado, publicação imediata em Acesso Aberto, passasse a estar dependente do pagamento de APCs pelos autores e fez surgir o Modelo de Publicação Híbrido, que é bastante mais prejudicial para a comunidade científica.

As Revistas Híbridas são revistas de assinatura que dão ao autor a opção do pagamento de APCs para que o artigo fique em Acesso Aberto imediato. Este modelo faz com que exista um cenário de dupla cobrança: a mesma revista recebe o valor pago pelos autores pelos artigos publicados em Acesso Aberto e recebe o pagamento do valor da subscrição, pagos pelas instituições que a subscrevem.

Na maioria dos casos, isso significa que uma instituição está a pagar a assinatura de uma revista e a pagar APCs, para os investigadores beneficiarem do Acesso Aberto imediato.

A cOAlition S, responsável pelo desenvolvimento do Plano S, posiciona-se contra este tipo de modelo de publicação e apresenta seis argumentos para este posicionamento.

O modelo híbrido de publicação, que poderia ter sido uma boa opção, caso tivesse funcionado como um esquema transitório, mas não está a facilitar a transição para o Acesso Aberto, tornou-se num modelo altamente lucrativo para as editoras, somente para as editoras.

Além disso, o modelo híbrido tende a excluir outras possibilidades mais justas de acesso aberto às publicações científicas.


Dia 24 de outubro de 2023 | Dados de Investigação as open as possible as closed as necessary



A partilha dos Dados de Investigação é um dos pilares para a abertura da Ciência e é cada vez mais solicitada pelas agências de financiamento científico.

Contudo, pode haver razões para a sua não disponibilização. Por exemplo, dados sensíveis ou com valor comercial podem estar depositados num repositório, devidamente descritos, mas com acesso restrito. É o princípio “tão abertos quanto possível, tão fechados quanto necessário” que permite proteger os dados de investigação sensíveis por razões de privacidade, anonimato, interesse comercial ou segurança.

Uma forma de garantir que os dados de investigação abertos sejam efetivamente úteis é disponibilizá-los de acordo com os princípios FAIR, isto é torná-los Encontráveis (Findable), Acessíveis (Accessible), Interoperáveis (Interoperable) e Reutilizáveis (Reusable). Pode saber mais sobre como Para tornar os Dados de Investigação FAIR aqui.

Também é importante planear a forma como os dados serão recolhidos, tratados, geridos, armazenados, preservados e disponibilizados através de um Plano de Gestão de Dados. A Comissão Europeia ambiciona que, através dos Dados de Investigação Abertos, os resultados dos projetos financiados, com dinheiro público, cheguem aos cidadãos que contribuíram para esse esforço, assim como contribuir para promover a disseminação da ciência.




O tema da Semana Internacional do Acesso Aberto de 2023 “Community over Commercialization”  é uma oportunidade para reflexão sobre a importância do controle dos sistemas de partilha de conhecimento pela comunidade académica.
No atual momento, o ecossistema da Ciência Aberta está apoiado em infraestruturas e serviços mantidos, quase que na totalidade, por iniciativas voluntárias. Um exemplo é o DOAJ, o maior diretório de Revistas Científicas em Acesso Aberto do mundo. Em contrapartida, há grandes empresas que têm lucros milionários a vender o conhecimento que lhes foi entregue, gratuitamente, e que não têm qualquer participação no financiamento da investigação que gerou esse conhecimento. 
Quando os interesses comerciais são priorizados em detrimento dos das comunidades que a investigação procura servir, surgem muitas questões preocupantes. A Comissão Organizadora da Semana do Acesso Aberto 2023 aproveita a Semana deste ano para trazer à reflexão algumas destas questões. 
  • O que se perde quando um número cada vez menor de empresas controla a produção de conhecimento em vez dos próprios investigadores? 
  • Qual é o custo dos modelos de negócios que consolidam níveis extremos de lucro? 
  • Quando é que a recolha e utilização de dados pessoais começa a minar a liberdade académica? 
  • A comercialização pode algum dia transformar-se em apoio do interesse público? 
  • Que opções já existem para a utilização de infraestruturas, controladas pela comunidade, que possam servir melhor os interesses da comunidade académica e do público, tais como: servidores de preprints, repositórios e plataformas de publicação abertas? 
Ao longo desta semana, apresentaremos publicações que procuraram ajudar na reflexão sobre estas questões. 


De 23 a 27 de outubro iremos partilhar, diariamente, conteúdos sobre acesso aberto, publicação científica, dados de investigação, no Blog da Biblioteca

A Semana Internacional do Acesso Aberto de 2023, promovida pela SPARC, realiza-se de 23 a 29 de outubro com o tema “Community over Commercialization”, é uma oportunidade para refletir sobre a importância do controlo dos sistemas de partilha de conhecimento pela comunidade académica.



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