ORIGENS, uma instalação narrada numa linguagem tecnológica e futurista... um braço robótico que, em viagens espaciotemporais, talvez capte um meteoro, o qual, observado e analisado por câmaras, parece conter muitos segredos de espaços e tempos indeterminados e composição desconhecida… uma homenagem, inspirada no big-bang, aos 118 elementos químicos.
No “Ano Internacional da Tabela Periódica” (UNESCO 2019) e celebração dos 150 anos da sua criação por Dmitri Mendeleiev.
… de onde veio tudo isto ???
2019,
intensamente vivido na Biblioteca da FCT, celebrando o Ano
Internacional da Tabela Periódica (UNESCO) e a sua criação há 150 anos,
por Dmitri Mandeleiev, procurávamos um tema para a última exposição do
ano.
Miguel
Palma na calha... Falámos intensamente no atelier do artista e nos
cafés do Bairro. A tabela, que me fascinava, começou a contaminar o
artista, sendo sempre pano de fundo das nossas conversas… Conversas (d)e
partilhas coloridas como as colunas e as linhas ordenadas de uma Tabela, que pareciam delinear um pantoneuniversal
(fundindo química e arte). Os elementos químicos ganhavam vida, e não
nos eram distantes. Bastava olhar à volta, o visível e o invisível, tudo
envolve química: os computadores, o nosso corpo, a vida, o ar que se
respira, o planeta... Tudo!
Agora
a pergunta antecipada e que urgia ser feita: “mas de onde vêm os
elementos químicos?” Magnífico… Falar da Tabela Periódica conduzia às ORIGENS. O tema pairava ali “nas entrelinhas”… A ciência tentou explicar, através da teoria do Big Bang…
Este está no âmago da questão… Um corpo negro… Na origem, a imensa
explosão, bilhões de anos passados. A partir da explosão de uma enorme
bola de matéria compacta, com um volume igual ao sistema solar,
formaram-se corpos celestes e planetários, e a vida na Terra. Muitas das
reações nucleares não são convencionais (fusão e fissão nuclear).
Primeiro, o hidrogénio e o hélio… Depois, no centro das estrelas, por
conta da explosão das Supernovas e gerados neutrões, protões e eletrões,
todos os outros, os 118...
Queríamos,
mas não podíamos ir ao centro do acontecimento… Inacessível. A
imaginação, a curiosidade, o engenho e a arte deram ORIGEM a uma
máquina/instrumento. Miguel Palma inaugurou, em setembro último, no
Museu da Coleção Berardo, a exposição “(Ainda) o Desconforto Moderno”,
onde “(...) o humor, o absurdo, o interesse juvenil pela máquina,
recorrentes em Palma, são afinal declinações dessa melancolia ou desse
“desconforto” e geram uma arqueologia moderna, naquilo que ele teve de
mais exemplar e estruturante: a tecnologia, a arquitetura e a ideia
eufórica do progresso (...)” [1].
Aqui, ORIGENS narra (e amplifica) uma linguagem tecnológica e futurista... Um braço robótico que, em viagens espácio-temporais, talvez capt e um meteoro, o qual, por sua vez, talvez reporte
acontecimentos distantes... A sua superfície rugosa e misteriosa,
observada e amplificada por câmaras, parece conter muitos segredos de
espaços e tempos indeterminados, talvez nunca vistos e de composição química desconhecida… talvez com 118 elementos.
ORIGENS pode levar-nos onde quisermos (talvez a nossa imaginação o permita).
Rodopia, roda a diferentes velocidades, demasiado rápidas, às vezes... talvez à nossa (humana e desumana?) escala.
Continuamos a interrogar de onde vieram estes elementos, numa Tabela Periódica que (talvez) tudo contém, tudo constrói, que é “razão” da existência.
José Moura
Diretor da Biblioteca FCT NOVA (2019)
[1] Celso Martins em Expresso 28/09/2019
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