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Exposição | Emoção & Arte em NYC

 


José Guimarães
De 5 março a 29 de abril | Preguiçódromo


Nova York (NY) ... uma cidade para curiosos e aventureiros…

Ao longo dos anos (muitos) o destino EUA foi frequentemente usado por mim, por razões profissionais e não só. Mesmo que NY não fosse o destino final, tornou-se obrigatória uma paragem mais ou menos longa (no regresso). NY é uma metrópole que cativa: uma cidade icónica, um centro de cultura, das finanças e da moda; mas também um destino profundamente fotogénico.

Não admira que o fotógrafo José L. Guimarães se sentisse desafiado, surpreendido e um descobridor. Nas fotos que captou e escolheu (escolha difícil, entre um número enorme de belos registos), o fascínio fotogénico pela cidade “that never sleeps” é inegável”.

NY é um “eye catcher” do “patchwork” (ou “puzzle”) humano construído por pessoas tão diferentes, vindas de todo o mundo e de uma miríade de culturas celebradas em bairros como Greenwich Village, Chinatown e Little Italy... os habitantes de NY acrescentam uma outra dimensão a cada fotografia.

NY surpreende, oferece-se e deixa-se descobrir!
NY a cidade de camadas e da fotogenia!
Cada canto, cada rua, cada edifício, cada pessoa ... em NY, contam uma história!

José Moura
Comissário para as Atividades Culturais
FCT NOVA
fev 2024

NY vista por uma fotógrafa

Uma das imagens que guardei da minha chegada a Nova Iorque em 1980, foi a das grandes avenidas com quilómetros de extensão e o efeito do ponto de fuga. Esta alteração da percepção visual na qual as linhas paralelas se transformavam num triângulo ajuda a criar uma nova ideia e volumetria da cidade. À noite as ruas bem iluminadas de um tom quente e cheias de pessoas de uma grande diversidade, assim como a publicidade gritante dos neons a remeterem-nos para referências dos filmes famosos realizados na cidade.

Saí de Lisboa com a cultura fotográfica dos pictoralistas e também dos modernistas e quis logo visitar o Flatiron Building, considerado o primeiro arranha cêus de Nova Iorque, fotografado por Alfred Stieglitz num dia de neve intensa e ao qual ele imprimiu uma melancolia romântica. O que na fotografia aparenta ser um prédio sem profundidade na realidade é tri-dimensional transformando-se com a perspectiva do ponto de observação de um rectângulo para um triângulo.

Também “visitei” as fotografias da Berenice Abbott sobre a sua cidade em mudança “Changing New York”, 1939. Ainda encontrei a loja de venda de armas com o anúncio de um revólver gigante dependurado das escadas de emergência e que aponta ameaçadoramente para o prédio em frente. Aqui senti a América profunda com o seu delírio perturbante pelas armas.

Mas o grande fascínio que senti foi o da energia de uma cidade em pleno turbilhão diário em que tudo acontecia ao mesmo tempo e nada parecia impossível. Havia performances em lofts, vídeo art, novos sons e bandas experimentais, o hip hop, novos clubes, a pintura saia da tela, o grafitti, Etc.

No Chelsea Hotel onde vivo desde 1984 encontrei muitos dos artistas desta geração. Uns quantos fotografei para o livro que realizei sobre os meus vizinhos no Hotel, “Quinze Anos: Chelsea Hotel”, Câmara Municipal de Lisboa, 1999. Foi com este projeto que deixei maioritariamente a fotografia a preto e branco que associava duma certa forma ao movimento modernista e descobri que o filme a cor refletia melhor a minha visão e experiência da cidade. As cores passaram a ser ricas nos seus tons, saturadas de vida.

Ao longo destes anos a cidade e o seu famoso skyline tem sido transformada por novas gerações, pela gentrificação, por tensões raciais, por novas ideias, por novas estruturas, mas mantendo o dinamismo de questionar o que é uma cidade e o que a define perante os seus habitantes.

Rita Barros
NY, 11 de Outubro, 2023

N.Y.  / Arquiteturas (re)concebidas

A arquitetura da verticalidade traduz uma das muitas formas de materialização da geometria idealizada e concebida como construção. Nova Iorque, pelo pioneirismo (1Burnham) e pela persistência desse paradigma arquitetónico (2Childs), associados à forma como sugerem a apropriação universal do espaço, despertam outros processos de interpretar, reconceber e reimaginar esse mesmo espaço.

A racionalidade e a funcionalidade, inerentes a este modelo arquitetónico implicaram a utilização de superfícies que constituem infindáveis e aprumados planos herméticos refletores.

A perspetiva de José Guimarães, revela-nos através desses estáticos e quadriculados planos, os reflexos imaginados do quotidiano de forma ininterrupta, permutando jogos de luz com o cosmos, ora mais siderais, ora mais terrenos que, tal como a cidade, também estes não dormem. Essa padronização modular das homogéneas superfícies dos edifícios, contrasta com a multicultural azáfama que flui nos seus sopés, onde se entrecruzam diásporas e costumes de todos os cantos do mundo.

Na sua incursão, José Guimarães capta a luz e a penumbra de Nova Iorque, o seu passado e presente, o estático e o dinâmico, o real e o imaginado, este último deveria transbordar das imagens e passar a integrar a livre subjetividade de cada um que as observe. Outra Nova Iorque será também ela imaginada, viverá dentro de cada um e para lá das paredes de aço, betão e vidro escondendo muitos sonhos, uns mais americanos que outros... no seio da sua enorme maçã.

João Monteiro

1 Arquitecto Daniel Burnham – Autor do Flatiron Building, um dos primeiros arranha-céus de Nova Iorque, inaugurado em 1902. 2 Arquiteto David Childs - Autor da Freedom Tower - (One World Trade Center) inaugurada em 2014.




 
 





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