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Exposição | Memória de abril

 

Sala Preguiçódromo da Biblioteca | 7 de novembro a 20 de dezembro



25 abril 50 anos

Estamos a celebrar o 25 de abril na NOVA FCT

São várias as iniciativas e as interpretações da revolução de 25 de abril de 1974 a acontecer, ao longo do ano, no Campus. Uma data fundamental na história portuguesa, que inicia um processo de democratização, que se traduz na plural e diversificada sociedade que hoje conhecemos.

EXPOSIÇÃO - Memória de abril
Fotografias de Mário Varela Gomes e recortes de imprensa americana
Curadoria Fernanda Rollo
Preguiçódromo da Biblioteca | 7 de novembro a 20 de dezembro

Esta exposição tem um caráter documental procura apresentar a revolução muitas das emoções e o pulsar dos acontecimentos da época através da lente da máquina de Mário Varela Gomes e dos ecos na imprensa americana da época,

Colaboração Fundação Mário Soares e Maria Barroso.
Apoio American Corner
Designer Ricardo Almeida

“A cidade está tensa, mas calma"

As operações começaram após a meia-noite de 25 de abril de 1974, ao sinal das canções “E Depois do Adeus” e “Grândola Vila Morena”. O comando estava instalado no quartel da Pontinha, liderado pelo major Otelo Saraiva de Carvalho. Apesar de movimentações de tropas em todo o país, Lisboa era o centro das operações. Diversas unidades militares convergiram para pontos estratégicos, ocupando o aeroporto, a RTP, o Rádio Clube Português, silenciando a Emissora Nacional. Por volta das 6 horas da manhã, a coluna de cavalaria de Santarém, comandada por Salgueiro Maia, chegou ao Terreiro do Paço, bloqueando acessos a importantes edifícios governamentais. Marcello Caetano refugiou-se no Quartel do Carmo. Até às 7 horas, as forças revolucionárias asseguraram as posições estratégicas. Do lado da velha ditadura quase nada aconteceu, exceto a PIDE/DGS, que abriu fogo contra a multidão provocando quatro mortos e vários feridos. Alguns membros do Governo tentaram coordenar a resistência a partir dos Ministérios do Exército e da Marinha, mas fugiram quando as tropas de Salgueiro Maia ocuparam os edifícios. A fragata Gago Coutinho recusou ordens de bombardeamento e as tropas leais ao governo foram dissuadidas ou juntaram-se aos revoltosos. Às 11h30, Salgueiro Maia foi instruído no sentido de cercar o Quartel do Carmo. Estava tudo em suspenso. Conforme o relato da embaixada americana para Henry Kissinger, então chefe do Departamento de Estado: “A cidade está tensa, mas calma, com um elevado número de militares em evidência1.” Assim, por sua vez, o transmitiu Kissinger à Casa Branca: «A agência portuguesa de informação (ANI) diz que está a ocorrer uma revolta militar, mas que a sua dimensão e natureza são ainda desconhecidas. [...]. Não se sabia muito mais, confiando-se, todavia, que o propósito dos militares seria libertar o país do velho regime. Por fim, pelas 18 horas, Marcello Caetano rendeu-se ao general Spínola.
Entretanto, o povo de Lisboa saiu à rua, tomando posição, ocupando as artérias da cidade, preenchendo as praças, fazendo sua a Revolução. Em breve a apreensão fez-se esperança, deixando memórias profundas daqueles que presenciaram e fizeram parte desse momento libertador. 
Entre tantos, no meio desse turbilhão cujo desfecho se foi desvelando, esteve Mário Varela Gomes. Era então um jovem estudante de arquitectura que saiu à rua para registar os acontecimentos, com a consciência da importância do que presenciava e a avidez de nada querer perder.
Esta exposição – Memórias de Abril –´reúne parte das fotografias da autoria de Mário Varela Gomes que integram o arquivo ao cuidado da Fundação Mário Soares e Maria Barroso.
Compõem o notável conjunto das imagens da Revolução dos Cravos, testemunhos visuais dos de libertação que puseram fim à ditadura e instauraram a Democracia em Portugal.

Fernanda Rollo


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